São Pedro tem ajudado o produtor brasileiro de grãos nas últimas safras. O ciclo 2018/19 não será diferente. A quebra de safra de milho dos EUA – maiores produtores e exportadores do cereal – no ciclo que está sendo semeado agora (2019/20) pode ser ainda maior do que a esperada e o Brasil, segundo principal fornecedor global da commodity, tende a ser beneficiado.
“O percentual da área americana considerada ruim e muito ruim está mais elevado que o registrado em 2012, quando a quebra foi bem significativa. Este é o pior início de safra de milho da história dos EUA”, disse Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, durante evento promovido pela Syngenta em Campinas (SP).
De acordo com o Departamento dos EUA (USDA), a proporção de área considerada ruim e muito ruim chegava a 9% do total cultivado em 9 de junho. O relatório de 18 de junho de 2012, uma semana mais tarde naquele ano, mostrava também 9% da área em condições ruins ou muito ruins.
“O nosso número hoje é de produção nos EUA entre 320 milhões e 325 milhões de toneladas em 2019/20, mas com viés de baixa. O que está sendo plantado agora já está praticamente fora da janela climática, deve ter baixa produtividade”, disse. Segundo ele, há uma perspectiva de ocorrências de estiagens entre julho e agosto, no período de enchimento de grãos. “Como o plantio foi feito com o solo muito úmido, o enraizamento não foi bom. Tem muita raiz superficial”, disse. Um estabelecimento ruim da cultura faz com que qualquer estresse hídrico seja mais drástico do que poderia ser.
Com a demanda externa aquecida e a indústria aumentando o consumo, a tendência é de preços altos no Brasil. “O produtor vai rir à toa. A safrinha terá alta produtividade”, disse Santos. A tendência é que aumente a demanda externa pelo milho brasileiro, o que deve contribuir para elevar os preços no mercado doméstico.
O agrometeorologista projeta que serão enviadas ao exterior 34 milhões de toneladas de milho no ciclo 2018/19. A Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) é menos otimista e prevê 31 milhões, enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou hoje sua projeção para 32 milhões de toneladas.
A demanda pode elevar o prêmio pago pelo milho brasileiro nos portos. Segundo Luiz Fernando Roque, consultor da Safras & Mercado, em Santos (SP) e em Vitória (ES) o prêmio pago está em 25 centavos de dólar sobre a cotação do bushel na bolsa de Chicago para a entrega à vista e em 15 centavos de dólar em agosto.
Com o início da entrada da safrinha no mercado, os prêmios recuaram, mas tendem voltar a subir com a quebra americana. Na semana passada, o prêmio pago estava em 40 centavos de dólar por bushel, e há um ano, em 97 centavos de dólar, impulsionados pela quebra de produção no Paraná e em Mato Grosso do Sul, segundo e terceiro principais Estados produtores.
Já o cenário para a produção americana de soja não é tão drástico. A tendência, avalia Santos, é que a colheita fique entre 110 milhões e 115 milhões de toneladas, ante 123,7 milhões de toneladas em 2018/19. Para ele, é pouco provável que haja uma elevação significativa da área de soja americana como consequência da migração da extensão semeada com milho.
“Tem a guerra comercial e ninguém sabe como serão os incentivos. A previsão é de 34,2 milhões de hectares, segundo o USDA. Eu acho difícil que chegue em 35 milhões”, afirmou Santos.
Mesmo com soja em abundância no mundo, a guerra comercial entre Estados Unidos e China tem elevado os prêmios pagos pela soja brasileira. “O prêmio está bem firme e, mesmo que haja uma recuperação de preços em Chicago, não há muito espaço para quedas”, disse Roque, da Safras & Mercado.
O prêmio pago em Paranaguá (PR) está em US$ 1 sobre o bushel negociado em Chicago com relação a entrega à vista (junho) e em US$ 1,2 para o produto entregue em julho. Há um mês, o prêmio era de 60 centavos para julho e, há um ano, quando já havia a guerra comercial, estava em US$ 1,40.
“É complicado confiar na China, mas não somos os Estados Unidos e temos de confiar. Se a guerra comercial continuar, dificilmente, terá espaço para quedas nos prêmios brasileiros e acho que podem voltar para US$ 2 por bushel no segundo semestre”, disse o consultor.
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