A Argentina, como todos sabem, é o terceiro maior exportador mundial de soja e milho. No entanto, o país está passando pelo maior período de seca dos últimos anos e, como isso, sofre perda de produtividade e queda na economia. A consequência é que a estiagem abra um mercado de 10 milhões de toneladas de soja para os principais competidores globais, entre eles o Brasil.
Os problemas com a falta de chuvas começaram em novembro de 2017, mas se agravaram a partir de fevereiro. Em algumas zonas, o volume de chuvas já chega a ser 87,5% mais baixo do que a média histórica. Na região conhecida como “pampa úmido”, uma das mais férteis da Argentina, a seca é a pior dos últimos 44 anos, segundo o jornal La Nación.
De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, se espera uma colheita de 42 milhões de toneladas, dois milhões a menos que no levantamento anterior. O número também está 12 milhões de toneladas abaixo do previsto no começo da temporada e é de 15,5 milhões inferior ao total colhido em 2016/2017.
No entanto, a Bolsa não descarta a possibilidade de novas revisões para baixo. Só nas lavouras de soja, o recuo nas projeções de área cultivada nesta temporada já passa de 700 mil hectares. Ou seja, com menor produção na Argentina, a tendência de alta de preços globais aumenta, favorecendo a cadeia exportadora de soja brasileira.
Segundo especialistas em comércio exterior, a quebra de safra na Argentina não só vem permitindo preços mais altos de produtos como soja e milho, como abriu um grande espaço a ser preenchido pelos produtores brasileiros, principalmente no primeiro semestre, antes de os Estados Unidos – os maiores exportadores desses grãos – começarem a escoar sua produção no mercado internacional.
Junto com estimativas de uma produtividade das culturas de soja melhor do que se esperava no início do ano, o quadro favorável ao Brasil na competição internacional deve ajudar a anular o efeito do encolhimento da safra agrícola total, que, até poucos meses atrás, despertava expectativas de menor protagonismo da agricultura no desempenho da balança comercial brasileira.
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